
Ando intolerante nesses últimos dias. Pensei que fosse TPM, mas não é. É uma espécie de irritabilidade quase que constante. Ou seja, vivo de saco cheio sempre. Tédio, monotonia, fastio, inapetência, todos esses vocábulos tem sido constantes dentro de mim. Não consigo terminar nada que começo, nem mesmo uma das coisas que mais gosto de fazer na vida que é comprar. Imagine que hoje eu surtei dentro da loja e larguei a moça lá com milhões de roupas no balcão. "Você não vai experimentar"? Eu disse: "não... cansei... outro dia eu volto". Assim. Do nada. Acho que a moça deve ter me xingado toda. Nada tem me prendido atenção suficientemente.
Acho que estou stressada. Não suporto mais internet. The Sims idem. TV nem se fala, já perdi a paciência com ela faz anos. Filas e outras situações de espera só faltam me causar sintomas físicos. Não ando com muita paciência para ouvir ninguém, sobretudo se a prosa for ruim. Filei um mês de terapia. Adiei a última sessão do meu tratamento de canal três vezes. Sair de casa, seja pra trabalhar, pra ir à igreja ou outro lugar, tem sido um martírio. Eu até arrisco sair com a galera sábado à noite, mas em pouco tempo bate um desânimo sem fim, e a única coisa que eu quero é dormir. Aliás, dormir tem sido a única coisa que eu não tenho tido preguiça de fazer.
Ao mesmo tempo, me sinto muito culpada por ter tanta coisa e não ser grata à Deus, pelo menos com meus sentimentos, que parecem que são eternamente de insatisfação. Talvez eu tenha me perdido na rotina da minha vida, na ausência de metas, de sonhos. Afinal, já fiz 18 anos (faz tempo), passei no vestibular, já me formei, casei, comprei uma casa, um carro, um computador... Aos 25 anos, me sinto uma velhinha de 75, que morre de medo de chegar aos 30 e por mais que deseje ter um filho, morre de medo de tê-lo. Uma mulher, que por mais que ache que sua vida está completa, sente que apresenta partes inacabadas, labirintos desconhecidos, locais inabitados, mas que não consegue nem identificá-los nem preenchê-los. Não sabe como nem por onde começar o processo de reforma. Será que eu preciso de férias?
Sinto uma saudade sem limite, algo bem nostálgico, daquilo que vivi na época da adolescência. Não das curtições (até porque quem bem me conhece sabe que fui uma anta bípede o tempo todo). Sinto saudade da galera, dos amigos, dos lugares, da falta de responsabilidade, da beleza que eu enxergava nas coisas mínimas, na riqueza que significava 2 reais na carteira, enfim, da singeleza e sutileza com as quais eu levava a vida. Eu sabia ser feliz com o pouco que tinha. Não que hoje eu não tenha meus momentos de felicidade, eu os tenho sim, e não são poucos. Acho que preciso reaprender a arte de valorizar as pequenas coisas hoje, mesmo que aos meus olhos físicos elas não sejam tão valiosas. Acho que é momento de exercitar a visão utilizando os óculos da alma.
Paz e bem,
Marianne