segunda-feira, janeiro 07, 2013

Nove meses.


"Nove meses sem você.

Tempo de dar à luz à tua ausência 
gestada em mim, enfim..."

(Well Pires)

Nove meses sem você. E quando eu digo "sem", soletro cada letra com a alma e sinto minhas entranhas ressonarem com o peso literal que tal palavra traz. A impressão que tenho é de ausência total e perene mesmo, ainda que tenhamos nos trombado pelas esquinas da nossa existência nesse espaço de tempo. Nove meses de ausência. Uma ausência que carrega entranhada em si a intensidade de um nada proporcional ao amor que eu um dia senti por você. Tenho que te dizer: acho que você desaprendeu tanta coisa durante esse tempo! Desaprendeu a ser você, e arrisco dizer que anda mestre nesta arte da despersonificação - chego a acreditar que se tornou algo prazeroso e que esse coração que bate no seu peito não serve para nada além de bombear sangue. Você desaprendeu,  inclusive, a ficar. Ou teria sido eu que aprendi a deixar você ir? Não sei. Só sei que já faz nove meses que eu concebi tua ausência, e a gestei em meio a dores, lembranças, saudade e amor. Vi minha alma dilatar aos poucos, enquanto tudo isso crescia dentro de mim, nutridos por um não-sei-o-quê de esperança que se incorporou também à tudo que já foi citado. Agora é a hora. Do parto. Do partir. De te deixar partir. De me partir também. De repartir teus retalhos que impregnaram em mim, lançar fora teus resquícios. Não há mais o que esperar, não há mais o que gerar. É fim de jogo, meu amor. Início de vida. Minha vida. Nova vida.

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