Após o massacre de alunos da Escola Municipal Tasso da Silveira, em Realengo, na zona oeste do Rio de Janeiro, o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, reforçou nesta quinta-feira a idéia de uma nova campanha pelo desarmamento no Brasil.
Bravo, senhor ministro. Pena que tenhamos que esperar tragédias desse nível acontecerem para darmos atenção a temas tão delicados quanto os relacionados à segurança pública e ao desarmamento, não é mesmo? Apesar de concordar piamente com o senhor, penso que a "culpa" deste massacre, em especial, não começa na venda livre de armas, na portaria ou na direção da escola, embora hajam falhas em ambos os sistemas. O desequilíbrio parte da ignorância da população brasileira (em geral - e isso inclui a comunidade médica) que trata as pessoas que possuem transtornos mentais (sejam psicóticos ou neuróticos) como "frescos" ou "malucos". Se a família ou os professores desse indivíduo [claramente doente] tivessem atentado para sua condição "fora do padrão", procurando ajuda psiquiátrica e/ou psicológica, talvez este massacre fosse evitado pois, se esse rapaz era mesmo um esquizofrênico, haveria de ser medicado a fim de evitar possíveis surtos que, na maioria das vezes, culminam com o surgimento de riscos potenciais à segurança da população. Por fim, concordo que mais nenhuma discussão trará as vítimas de volta. Se ele era psicótico ou não, nada mais importa, porque a dor que fica é latente e irreversível. Mas, além de propor discussões acerca do desarmamento e da segurança pública (importantíssimas), proponho que nós, enquanto familiares e professores não fechemos os olhos para a questão da saúde mental, e que sejamos mais atentos e sensíveis a determinados tipos de comportamento que possam indicar a presença de possíveis transtornos em nossos filhos e alunos, deixando de lado o preconceito, a fim de que possamos construir não só uma sociedade saudável, mas que os próprios portadores de transtornos mentais recebam tratamento adequado e digno. O desequilibrado Wellington foi mais uma vítima da sociedade e, sobretudo, da genética.
5 comentários:
Aff! Falou tudo!
Eu, em alguns momentos, tive pena daquele "menino". Não deve ter sido fácil conviver com as batalhas, que acredito, que ele travava consigo mesmo.
Nesse primeiro momento, a revolta e o "susto" não nos deixam perceber que muito provavelmente, pensando no âmbito espiritual, o fim REALMENTE trágico foi o dele.
Deus livre a nós e aos nossos, não só dos homens maus, mas também dos homens "tristes".
De fato, olhando por esse ângulo, são todos vitimas ao final.
Bom texto, nos leva a uma reflexão.
Bjs
Exatamente, o que matou aqueles adolescentes não foi a arma... se não ouvesse um revolver quem nos garante q ele não usaria outra coisa, como uma faca, ou até mesmo bomba caseira sei lá!
Precisamos parar de tratar as pessoas como números e estatisticas e cuidar delas como HUMANOS... talvez se esse jovem tivesse tido alguem que demorasse o olhar um pouco mais nele.. mas enfim, não podemos mudar o passado, mas podemos construir um futuro melhor! Chega de ser um numero nas estatisticas, é hora de sermos seres humanos!
De fato, não só nesse, como em quase todos os casos de violência, busca-se remediar as consequências, esquecendo-se das causas sociais que desencadearam, ou ajudaram o desfecho da história.
Bravo, amiga! Depois que ouvi os ex-colegas falando as humilhações que esse rapaz sofreu na escola eu passei a enxergar a situação de uma outra forma. Existiu todo um contexto com n fatores que infelizmente resultaram nessa tragédia. Infelizmente temos uma cultura de preconceito com a doença mental ou problemas psicológicos. Os pacientes não são compreendidos e na maioria das vezes são taxados de carentes e problemáticos.
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