Leve [Mente] Ácida
"Não, meu coração não é maior que o mundo. É muito menor. Nele não cabem nem as minhas dores. Por isso gosto tanto de me contar. Por isso me dispo, por isso me grito, por isso freqüento os jornais, me exponho cruamente (...): preciso de todos." (Carlos Drummond de Andrade)
quinta-feira, outubro 31, 2024
Me dando à luz.
sexta-feira, agosto 30, 2024
Estamos certos.
Eu ainda estremeço quando você se manifesta. E isso independe do peso das manifestações, que, ultimamente, se volatilizam num piscar de olhos de tão rápidas que são. Eu passo os dias e as semanas tentando te perder por aí, te guardando no bolso furado da minha calça jeans preferida, mas quando me deparo com teu simples oi, tenho cada vez mais certeza que você está incrustado de forma permanente na minha alma. Me pesa ter que assumir isso, mas sou refém do meu fascínio por você... Isso só prova que o tempo e a distância carecem da inabilidade de destruir aquilo que um dia nós dois julgamos ser eterno. É, meu amor, parece que nós estamos certos..
quinta-feira, agosto 29, 2024
Quase cinco meses.
Acordei tonta de sono. Desbloqueei o celular e olhei o calendário. Já são quase cinco meses sem você. Eu já tinha me acostumado a viver os meus dias imersa na tua ausência, por mais vazios que eles fossem, até você reaparecer e me fazer voltar à estaca zero. A ferida da saudade foi exposta novamente, e, de certa forma, analgesiada, quase curada... só faltou seu corpo no meu. Seu bom dia diário, sua preocupação, seu cuidado e atenção, suas declarações, juras e promessas me inundaram de felicidade e esperança. Mas, do nada, você desapareceu e me deixou, de novo, com os dias vazios e os braços cheios, ninando algumas palavras, um vácuo infinito, um rio de angústia e ansiedade, e milhões de porquês, além de um amor que sangra e agoniza na praça pública da minha alma diante da sua indecisão.
terça-feira, agosto 20, 2024
Sete minutos.
Li em algum lugar que, após a morte, o cérebro humano ainda funciona por sete minutos, apenas para lembrar as melhores memórias, e depois se apaga. Quisera eu que o definitivo fechar dos meus olhos, o findar das minhas funções vitais e o cessar das minhas sinapses te sepultassem junto ao meu corpo inerte e gelado, te decompusesse pelos vermes, te sucumbisse às profundezas da terra, e te fizesse desaparecer ante o véu do tempo. Quisera que o meu sono te tirasse temporariamente da minha tela mental, que meus sonhos te excluíssem de suas cenas, que meu pensamento se distraísse pelo menos um segundo da tua imagem que baila nitidamente nele. Quisera, agora, descansar no teu corpo tão lindo e tão meu, que nem a vida nem a morte podem de mim te arrancar. Quisera que a generosidade da vida te trouxesse de volta pra mim de presente, embalado num papel de futuro, pichado dos nossos momentos que se negam a ficar no passado. Quisera apenas mais sete minutos com você...
Li em algum lugar e talvez seja verdade, não sei. Contudo, ratifico sem medo de errar, tenha certeza que, na minha derradeira hora, serão teus, não só estes 7 minutos, mas o resto de toda a minha eternidade...
domingo, agosto 18, 2024
Eu te encontro.
Te amar de longe é como estar ancorada no meio do espaço sideral. Não escuto som algum, não vejo nada. Tudo está escuro, tudo é incerto, exceto pelos lampejos intermitentes das tuas fantasmagóricas aparições que, ainda assim, cintilam há milhões de anos-luz de mim, lampejos estes que tanto esperançam quanto maltratam. Mesmo te sentindo pulsar dentro de mim o tempo inteiro, não te alcanço, e não poder te tocar me faz sentir meu corpo se decompondo em vida. Mesmo te sentindo correr por todas as minhas veias e artérias e observando ansiosa as tuas paradas na minha mente e no meu coração, te sinto escapar por entre meus dedos a cada vez que, do nada, desarvoras... cada vez que me submetes a isso eu sinto como se eu estivesse te perdendo pra sempre, e eu já perdi as contas das vezes que essa sensação me tomou em forma de um desespero profundo, que me afogou numa dor tão aguda que sou incapaz de denominar ou mensurar. Você não sai de mim. Vive na minha pele, se esconde nos meus poros, levanta arrepios abruptos, descompassa meu coração e provoca sensações involuntárias e indescritíveis. E por mais que eu queira te perder de mim, não adianta; longe ou perto, em ciscos ou em cacos maiores, eu te encontro. E se não te encontro, eu te sinto. Porque se é verdade que o que os olhos não vêem o coração não sente, posso afirmar que o que o coração sente, os olhos conseguem ver. Por mais que me digas que és meu e eu sou tua, que me amas sem medida e pra toda a eternidade, o que faço eu apenas com o arcabouço dessas palavras? O que eu faço com toda a intensidade desse nosso sentir que cabe, sem folgas, na eternidade dos dias os quais atravesso? O tempo inteiro me sinto sugada pelo vácuo da tua ausência e asfixiada pela saudade que ela me imprime. Só sei que se antes o meu amor por ti beirava o infinito, hoje suplanta todo ele...
domingo, julho 21, 2024
Por falta de opção.
Dos infernos que já estive, só eu sei. Por quantas vezes? Essa conta já perdi faz tempo. O fato é que depois de tantas andanças por lá, a gente acaba por se acostumar um pouco. O caos se torna familiar, a dor, companheira. Já nem tenho medo de passar por lá; conheço de cor todos os labirintos e portas de saída. Aliás, é bem aí que mora a diferença: eu nunca permaneço lá por muito tempo. Eu domino a arte de renascer das cinzas, de recomeçar quantas vezes forem necessárias, não porque sou forte, guerreira ou algo parecido... eu apenas não tenho escolha. Por isso os mergulhos, as tentativas repetidas, a sede, a urgência, a intensidade... por isso a resiliência, a ressignificação, os reinícios... por isso eu sou assim. Quem escolhe a vida, não tem outra opção...
sábado, julho 20, 2024
Aquela nossa música.
Ontem eu chorei ouvindo aquela nossa música. Chorei porque eu nunca quis que fosse assim. Porque eu sonhei, e todos os dias ainda me pego a pensar em tudo que a gente sonhou, e cá pra nós, eu não consigo admitir essa reticência. Queria tanto que meus pressentimentos tivessem passado de grandes blefes...! Olhar pra trás tornou-se insuportável, e eu não aguento perceber que aquela felicidade sem fim agora jaz dentro de nós dois. Eu não consigo suportar a ideia de que minhas certezas se diluíram, de que aquela infalibilidade era ilusória. Chorei porque eu me sinto golpeada por você. Porque você deixou a sua covardia te paralisar. Porque eu me nego a acreditar que a gente foi um equívoco. Releio nossas conversas, reouço os teus aúdios e busco neles alguma coisa que faça eu te expulsar de dentro de mim. Não encontro. Então, culpo o tempo, os astros, os signos e choro outra vez. A verdade é que eu ainda não admito perder você. Tem tanto de você aqui que eu não sou sequer capaz de mensurar, porque beira o infinito. Porque eu te amei muito, amei mesmo, e ainda amo... essa talvez seja minha única certeza, e parece que é por ela que eu vivo. E sigo.
domingo, julho 14, 2024
Dia noventa e seis.
Noventa e seis dias depois eu desabei. Escorreguei pela parede da cozinha e me espatifei no chão.. Como testemunhas, a pia, a geladeira e o fogão; mudos, estáticos, inertes. Mas, eu, não; eu chorei alto. Eu gritei teu nome, bradei para o prédio inteiro ouvir a tonelada de saudade que me esmagava. Cheguei no limite do limite da minha fortaleza. É muita falta pra uma existência só... Cada lágrima expulsava de mim o infinito de saudade que me sufocou por todo esse tempo. Quase asfixiada, eu te chamava como se você pudesse ouvir... eu só queria que o som do monossílabo do teu nome chegasse aos teus ouvidos. Se eu tivesse certeza que logo mais esse sentimento desembocaria num vão qualquer, seria mais fácil. Mas, não; nosso amor tem atravessado o tempo intacto, e se nega a se diluir, por maiores que sejam as circunstâncias e as intempéries. Você é, simplesmente, a minha certeza mais exata, e é muito louco saber que mais do que saber disso, a gente sente... nós nos sentimos o tempo todo, e não há distância, pessoa ou condição que anule isso.
Eu te amo, e não tenho pressa - a eternidade do nosso amor nos permite essa licença. Até um dia, meu amor! Nesta ou na próxima existência...
sábado, junho 01, 2024
Medo.
Os dias passam e mesmo desejando muito, eu tenho optado por fugir de saber de você, de ouvir da sua vida, simplesmente porque eu prefiro manter intacto aquele cenário que a intensidade dos nossos momentos ergueu bem no centro da minha memória. Então eu escrevo centenas de milhares de linhas, eu brinco com as palavras ao mesmo tempo que brigo com cada uma delas. Eu preciso me derramar - é a minha forma de lidar com a tua ausência tão presente. Discuto todos os dias com o tempo: como pode ele demorar tanto pra te trazer pra mim e ser tão rápido em te levar? Pausa para um sorrisinho de canto de boca: é impossível pensar em você sem rebobinar alguma cena do nosso filme.
Os dias passam, e aquela certeza de que os dias idos poderiam regressar em forma de um novo presente anda cada vez mais distante. Já não nos vemos, nem nos ouvimos... não nos falamos. Até quando, unidos apenas pelo fio invisível do nosso amor, suportaremos?
terça-feira, maio 21, 2024
Eu queria que fosse você.
segunda-feira, maio 20, 2024
Me deixa passar.
Ligando pra gastar o crédito do meu celular. Sabe como é né? Essa operadora rouba, rouba da gente... não dá pra deixar nem um centavo pra ela. Mas, além disso, tem muito motivo embutido nesse ódio mortal que eu nutro pela minha operadora e que eu tento transferir pra você, sem êxito - ainda. Tô ligando pra tentar romper isso que nos liga. Pra pedir que você se perca de mim já que você insiste em me encontrar toda vez que tento me perder de você. Que vende os olhos, dê várias voltas em torno de si e tome cuidado para não afundar abraçado às suas circunstâncias, com toda a força, tonto, no chão; que crie ímãs e se ligue, definitivamente, a elas. Que fure os bolsos do coração, crie coragem pra chorar de saudade de mim, invente um Alzheimmer, sei lá, você é inteligente o suficiente pra encontrar uma forma de me deixar ir de você. E que apague da memória todas as músicas que eu cantei pra você, porque as lembranças são as coisas mais fomentadoras de sentimentos que eu já vi nessa vida.
Também estou ligando pra dizer que você tem treinado o meu poder de racionalização como ninguém, mas, confesso, está muito difícil, porque é em você que abrigo todo o meu amor. Que meus piercings ficaram lindos, e que é uma pena você não tê-los visto pessoalmente. Tô ligando pra te pedir pra compreender de vez que quando disseram por aí que um é pouco, dois é bom e três é demais, não estavam somente se referindo às proles; isso funciona perfeitamente com a gente também. E, aproveitando a deixa dos ditados populares, pra te dizer que tudo que é demais é sobra, resto, e é assim que você faz com que eu me sinta quando escolhe a clandestinidade pra me confessar suas confusões ou pra me ter.
Ligando pra dizer que eu tô bem, na medida do esforço que tenho feito pra tentar ficar. Que rola uns friozinhos na barriga quando chega alguma notificação de mensagem, mas logo passa. Tudo passa, meu bem. Me deixa passar por você...
sexta-feira, maio 17, 2024
Reencontro.
Você me vem e me preenche de sorrisos e olhares, de beijos e toques, de abraços e incertezas, de pronomes possessivos e verbos subjuntivos, e eu, tonta de paixão, derreto-me desfazendo o turgor de outrora. Você me envolve de mistérios, e me mantém refém da espera, atrasa meu sono e antecipa meu despertar. Consegue me dar um dia de presente, sem sequer deter o poder sobre ele. Me transporta para outra dimensão sem tirar meus pés do chão. É presente mesmo na completa ausência. Me pede calma ao mesmo tempo que me faz perdê-la. Fomenta minha intensidade e minhas necessidades mais íntimas e sacanas. Consegue me excitar só de me olhar. Ludibria meu tédio, mesmo quando a rotina me toma. E não sabe fazer outra coisa, senão ser em mim. Apenas ser em mim.
Mas, de repente, pisco os olhos e você não está mais aqui. Sempre chega essa hora, a hora em que o vazio volta a se instalar. Tua falta retorna e se coloca, com unhas e dentes, ousadamente, a enfrentar a intensidade que cintila entre nós. Então, eu me mordo de vontade de você, de desejo de sorver teu gosto novamente. Sangro. Mas, sangro pelo avesso. Contrario o verter do fluxo num esforço descomunal e me sinto afogando por dentro, numa agonia indescritível, não como alguém que não consegue inspirar, mas como alguém que, contrariando toda a lógica da fisiologia, se asfixia por não poder expirar...
Mas é que eu prefiro sangrar por minhas próprias mãos e também por elas me estancar, a ter que me entregar nas suas e correr o risco de você, mesmo sem intenção, terminar de romper de vez com minha hemostasia. Saudade tá rasgando tudo. Mas eu me mordo. Eu mordo cada laceração, cada retalho de mim que tua ausência corta. Mordo o travesseiro, o urso de pelúcia, e os dedos de tanta vontade de morder o lóbulo da tua orelha, a tua boca e a tua barriga. Mordo os meus próprios lábios pra tentar sentir o gosto que os teus deixaram ali. Mordo um sanduíche de queijo pra ver se essa vontade passa, mas a única coisa que resolve passar é o curta dos nossos momentos na minha mente, e um replay das nossas músicas no áudio do meu celular. Mordida e ensanguentada, levanto a cabeça e sigo em frente, levando entre os dentes essa vontade de te ver e de te ter de novo e pra sempre, sem, no entanto, nos fazer sangrar além do que nossa realidade já tem nos feito...
quarta-feira, maio 15, 2024
Mais eu.
Eu escolho velejar em águas mansas, brandas, porque eu mereço a calmaria, a exclusividade, a prioridade. Eu sou cara, eu sou rara. Só me tem quem pode e quem tem culhões para tal. Nunca vivi na coluna d'água da vida, o cálido me causa ânsias de vômito, o tédio me deprime, as indecisões me irritam, eu sou intensa, e não me permito receber menos do que mereço. Minha vida não cabe em taças pela metade: se assim for, eu entorno todas e as quebro, por mais delicioso que seja o conteúdo, por mais lágrimas que isso me custe. Prefiro o nada à metade de algo, ou principalmente, de alguém. Se quiser venha: o tanto de espaço que tem na minha vida, na minha alma, no meu coração consegue abarcar tudinho, sem sobras. Mas, venha pleno, sem arestas, sem afluentes, sem pendências ou confusões. E quanto às migalhas, mantenha-as com quem acha que sobrevive e se conforma com elas, porque eu sou uma alma imensa e sedenta demais para me contentar com coisas tão minúsculas, rasas e líquidas. E cresce um pouco; quem sabe um dia você, enfim, caiba em mim.
sexta-feira, maio 10, 2024
O tal click.
Quando a gente se deita e se enrosca, eu ouço o click do encaixe perfeito do meu corpo no seu. Cada milímetro da minha pele em cada milímetro da sua. Mas, pra mim, toda essa proximidade ainda é pouco. Se eu pudesse, me fundia a você, tornando-nos fisicamente o que já somos espiritualmente: um só.
Quando a gente se toca, os meus pelos se eriçam, a minha boca te pede, minha língua saliva, minha calcinha se molha e meu corpo te implora... e a gente se pega numa deliciosa dança de amor e desejo como se fôssemos duas taças a tilintar num brinde de duas almas que se amam mais que tudo...
Quando você invade meu corpo, eu sinto nossas almas se tocarem, e eu só consigo pedir a Deus que o tempo estacione indeterminadamente... te ter em mim como hóspede me plenifica, ser sua mulher me transborda.
Quando você repousa o cansaço do seu gozo no meu peito, eu me sinto a mulher mais feliz que o universo pode permitir existir... eu ratifico que sou sua, e sempre serei... o peso do teu corpo no meu me enternece e por vezes eu me pego desacreditada que somos uma realidade até sentir teu coração batendo forte por sobre o meu e entender que sim, nós existimos e somos um do outro. Delícia ter teu cheiro impregnado em mim, amor meu. Azar - puro azar - de quem nos perdeu. Feliz, por meu sorriso ter a companhia do seu...
quinta-feira, maio 09, 2024
Meu vício agora.
Você é a minha droga. Um vício de se ver e de sentir. Sua boca, meu oásis. Seu cheiro, meu ar. Sua voz, minha música preferida. Seu olhar, meu cais. Seu bíceps, meu travesseiro. Pernas enroscadas, respirações sincronizadas, batimentos cardíacos rítmicos. Tudo isso envolvido num amor que ninguém nesse mundo havia conseguido me amar até hoje. Por tantas vezes despertei no meio da noite como quem desperta de um sonho, e me punha a te olhar, sem acreditar que tinha conseguido caber tão perfeitamente nas dimensões do seu abraço. Era tanta magnitude e urgência naquela nossa forma desesperada de amar, que a impressão era a de que o mundo iria acabar no instante seguinte à pausa de cada expiração nossa, e por isso eu me apressava em sorver daqueles instantes o máximo do que podia. E assim o fiz. Você, por tantas vezes, foi meu antídoto também, não se engane. Mas, hoje, não passa de um veneno chamado saudade. Finalizo com doses mansas de vontade de te ver e te sentir novamente.
terça-feira, maio 07, 2024
Ao te ver passar.
Navegando por aí, me deparei com tua figura translúcida e vívida, sorrindo litros para uma câmera qualquer. Você, tão lindo, caminhava por entre o verde das folhas, e brilhava tanto que eu posso apostar que, junto ao astro rei, você também fotossintetizava sem pestanejar... Instantaneamente, meu coração, aos pulos, gritou pelo teu. Minha pupila dilatou ao te ver passar por ela. Meu peito fez menção de explodir. Meu corpo estremeceu e eu senti o eriçar de absolutamente todos os meus pelos. Por alguns segundos, senti minha respiração parar e me indaguei: então é assim que se morre de amor? Todas as reminiscências daquilo que vivemos saltaram diante dos meus olhos como um longa dos anos vinte: tudo em branco e preto, como a minha vida agora. E porque não dizer a nossa? Digo isto porque estou certa de que o tempo passa, mas nada do que vivemos consegue passar junto com ele: nosso amor fica - e há em mim a certeza que você sente isso também. Fica, por mais intempéries a que ele esteja subjugado. Fica, por mais que o medo e o orgulho berrem. Fica, por mais que a distância esbraveje o contrário. Por isso sempre nos conjugamos no presente... nós somos, e isso é e sempre será inquestionável. O nosso amor é e sempre será, porque, por mais que o tempo tente argumentar, ele consegue atravessá-lo intacto e infalível. Supremo. Impávido. E eterno.
quarta-feira, maio 01, 2024
Luto por um amor que não morreu.
terça-feira, abril 30, 2024
Talvez.
Foi lindo porque era a gente... e não há dúvida sobre isso. E nunca mais será tão perfeito, tão mágico, tão imenso, tão intenso, tão tudo... simplesmente porque não seremos mais nós...
Talvez nos procuremos em bocas, peitos, cheiros e olhares outros, mas nunca nos encontraremos, porque nossa história se imortalizou nos momentos únicos e inéditos que nós protagonizamos. Nós. Apenas nós. Únicos. Irrepetíveis. Tão loucos e ao mesmo tempo tão impérfidos... nós... morando eternamente naqueles segundos impassíveis de serem apagados, substituídos ou sequer superados.
Talvez encontremos outros abraços, outros beijos, outros sexos, outros corpos... e quando nos despirmos de nossas roupas diante deles, nossa retina se negará a fotografar coisa alguma, pela total falta de sentido que isso fará... eles nos serão sempre estranhos, e no breu do fechar das nossas pálpebras enxergaremos apenas um ao outro, encerrados na memória perene que impede que um amor da magnitude do nosso caia em meio ao vão de um vácuo qualquer.
Talvez sigamos caminhos diferentes mas é certo que em algum momento da eternidade eles se cruzarão em um único novamente; almas afins estão destinadas a se encontrarem em algum momento, e essa é a razão pela qual sinto paz, mesmo estrangulada de saudade.
A carruagem do tempo não para, e não há como saltarmos com ela em movimento. Não há escolha outra senão caminhar em frente, coluna reta, peito empinado, olhos fixos no horizonte, ainda que o coração permaneça parado na estação da nossa breve história desta encarnação. Mas o tempo, ele é sábio, e nos conduzirá um ao outro quando a urgência das nossas almas irromper o véu dele mesmo. Então, enfim, nada nem ninguém nos deterá. Pra todo o nosso sempre.
segunda-feira, abril 15, 2024
Irrevogável.
Diga-me: já estamos no inverno? Perdi um pouco a noção do tempo depois que a primavera nos abandonou. Se souberes, responda-me também: em que ponto da sua órbita a Terra estaria mesmo? Mais longe ou mais perto do sol?
Pergunto, pois os dias têm sido amenos. Já as noites têm me engolido com seu silêncio profundo e atroz. Deito-me e, dentre tantas certezas, me deparo com uma aparentemente irrisória, mas que traz paz e me faz adormecer: na grade das existências pretéritas, estamos desde sempre enredados às teias do destino. E isso é tão imutável quanto irrevogável.
Ainda assim, sigo derramando amor na paisagem bela da tua face que cruzou meus dias... como olvidar o fato de que ambos fomos resgatados dos nossos respectivos obtusos mares de viver? Se fomos presenteados com a dádiva do reencontro, por que permitimo-nos nos perder?
A outra certeza que me assola, a de que a força mais poderosa do universo nos une onde quer que estejamos, me acalenta. Estamos ligados pelos séculos sem fim, porque o amor é eterno e seus laços, indestrutíveis. Sigo reinventando uma forma de sobreviver por pura falta de opção. E se, em breve, não refizermos o nosso caminho, aceitarei tal agrura infligida a mim pelo teu livre-arbítrio. Não temo; eu vou te esperar na esquina mais florida e iluminada da nossa próxima existência...
domingo, maio 20, 2018
Domingo.
Querido Heitor,
terça-feira, maio 15, 2018
E se.
segunda-feira, maio 07, 2018
Assumindo.
Querido Heitor,
domingo, maio 06, 2018
Pra que saber?
Bom dia, Heitor!
Você me disse que nunca sofreu por amor e, na hora, eu fiquei me perguntando como alguém na sua idade poderia ter passado ileso pelas ciladas desse mocinho-bandido. Mas, pudera, Heitor. Você nunca amou. Pensa que ama. Você confunde bundas, bucetas e peitos com amor, e abre a boca com toda a irresponsabilidade da vida pra dizer que ama. Ama o caralho, Heitor! Você patina pelas pessoas, vive dos momentos que consegue proporcionar a elas e, consequentemente, a si. Você não sabe o que é ter água pelo pescoço, arriscar dar mais um passo, não dar pé, se afogar, morrer e ressuscitar. Você brinca no raso, às vezes desequilibra e toma um leve caldo, engole um pouco de água, tosse, levanta, nem troca o lençol e já joga outra em sua cama. Você é tão superficial quanto risca a pele das pessoas. O problema é quando você pega gente sem pele como eu. Nascida queimada em terceiro grau. Sensível e intensa de doer. Aí você risca a alma. E dor de alma só sente quem tem uma o que, definitivamente, não é o seu caso.
É bem verdade que vivi muitos bons momentos com você. Excelentes. Perfeitos. Não sobrepujam a dor que você me causou, mesmo essas duas coisas estando separadas pela mais tênue linha que possa existir nessa vida. Ou talvez porque, pra mim, sejam coisas miscíveis. O fato é que você não tatuou só meu corpo, mas também minha alma. E ao final, você também não fodeu só meu corpo; fodeu minha alma, e agora tá fodendo outra por aí. Você segue um padrão podre, Heitor. Fétido. Desprezível.
Portanto, pra que saber de mim? Pra que eu saber de você? Morremos um para o outro no dia em que você desfez nosso laço, e mortos desaparecem. Decompõem-se. Pra uns viram anjos, pra outros demônios, e pra outros nada. Não acredito em anjos e demônios, Heitor, sabes bem disso. Restou-te o nada.
Com nada,
Helena
quarta-feira, maio 02, 2018
O tempo.
Querido Heitor,
terça-feira, maio 01, 2018
Pronome possessivo.
Meu Heitor,
Ouso começar a carta de hoje te chamando como sempre te chamei. Várias vezes comentei o quão eu achava magnífica a força embutida em um pronome possessivo, lembra? Por isso, Heitor, começo assim, ainda que a realidade grite o contrário.
Faz tempo que não choro, Heitor. Mais de uma semana, sem derramar uma lágrima, acho. Não sei se é a dinâmica da vida trazendo as coisas pra os seus devidos lugares ou se é meu cinismo disfarçado que adora varrer meu lixo sentimental pra debaixo do tapete da minha existência. Se a segunda opção estiver correta, sinto dizer, estou fudida. Mas, de fato, desde que optei por fingir que você já não existe, fiquei mais forte. Ou seria menos fraca? Não sei bem. Optei por te matar para poder seguir com o mínimo de paz até que o sentimento que ainda tenho por ti se esvaia por completo e as lembranças parem de me sufocar. Porque isso vai acontecer, Heitor, mais cedo ou mais tarde.
As evitações diárias que crio para poder te manter abaixo de sete palmos de terra, entretanto, não respeitam o sono. Eu não deveria, talvez, te dizer isso, Heitor, mas quando eu sonho com você o meu dia rui e ao mesmo tempo tua lembrança me inaugura por minuto e por completo. Paradoxo e intenso, não? Como minha vida todinha.
Vou ficando por aqui, porque o sono já me entorpece. Imagino que esteja se perguntando se voltei para o Rivotril que você tanto odiava, mas querido, me compreenda: por hora é necessário e contundente.
segunda-feira, abril 30, 2018
A queda.
Heitor,
Você, Heitor, como um ser invisível, entra e sai sem o mínimo de empatia no jogo da vida das pessoas. Permanece intacto. Aparentemente, vencedor. Passeia pelos destroços, chuta ainda algumas pedrinhas, arrisca um sorriso amarelo e insosso, acena a mão. Coletes à prova de bala, pra quê? Nada te atinge, nem a minha dor, nem a indignação da platéia, nem a mágoa da concorrência. Ileso e de consciência de pluma, você vira as costas e some agarrado com o troféu à tiracolo: já não mora mais ali, és apenas um curioso expectador.
domingo, abril 29, 2018
Sobre.
Caro Heitor,
Essa era eu. Sempre me desculpando pela gota do café que eu derramava na estante, pela toalha que eu esquecia de pôr no varal pra secar, pela sua cueca que eu esquecia de lavar, pelo computador que eu esquecia de carregar. Mas, por que mesmo tanto perdão sem culpa efetiva? Na verdade, se você pudesse sentir o quanto tudo isso que você me fez passar dói, quem iria pedir desculpas seria você. De joelhos.
sábado, abril 28, 2018
Finish.
(Mari Teixeira)